6.30.2006

Memória Musical I

Vou inaugurar meu novo blog com uma letra de uma música que eu adoro.

Quando eles surgiram - um vindo de Minas Gerais e outro do Movimento Artístico Universitário (MAU), aqui no Rio de Janeiro - foram imediatamente apadrinhados e gravados pela excepcional Elis Regina.

Estou falando de João Bosco e Aldyr Blanc, a única parceria Flamengo-Vasco que rendeu frutos na MPB.

Esta música a Elis cantou no festival Phono 73. Chegou a ser vaiada quando adentrou o palco do Anhembi, mas foi ovacionada no fim de uma apresentação simplesmente arrebatadora.

CABARÉ
(João Bosco / Aldyr Blanc)

Na porta lentas luzes de neon
Na mesa flores murchas de crepon
A luz grená filtrada entre conversas
Inventa um novo amor, loucas promessas

De tomara-que-caia surge a crooner do norte
Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte

Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros

No drama sufocado em cada rosto
A lama de não ser o que se quis
A chama quase morta de um sol posto
A dama de um passado mais feliz

Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros

Um cuba-libre treme na mão fria
Ao triste strip-tease da agonia
De cada um que deixa o cabaré
Lá fora a luz do dia fere os olhos

1 Comments:

At 7:17 AM, Anonymous Anônimo said...

A dupla Aldir Blanc/João Bosco foi lançada numa iniciativa da antiga turma do jornal alternativo-anárquico O Pasquim, um projeto chamado Disco de Bolso. De um lado, um figurão da MPB, do outro um estreante. Apareceram no Disco de Bolso #1, Tom Jobim cantando "Águas de Março" e no verso João Bosco lançava "Agnus Sei":
"Faces sob o sol, os olhos na cruz,
Os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã
Vão levar aos reinos dos minaretes
A paz na ponta dos aietes,
A conversão para os infiéis.."
E por aí ia...

 

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